quinta-feira, 14 de maio de 2009

Lenda de Timor

Há muito, muito tempo, em Massacar, na ilha dos célebres, vivia um crocodilo. Velho, sem velocidade para apanhar os peixes da ribeira, não teve outro recurso senão tentar a aventura em terras adentro, para tentar caçar cão ou porco que lhe saciasse a fome. Andou, andou e nada conseguiu apanhar para comer.
Resolveu regressar, mas o caminho era longo e o sol era quente. Esgotado, o crocodilo sentiu-se cansado e que as forças lhe faltavam e que, mais passo menos passo, ficaria ali como uma pedra. Mas o imprevisto fez que lhe passasse mesmo à mão e a tempo um rapaz. O moço, comovido, ajudou-o a arrastar-se até à ribeira. O crocodilo ficou-lhe gratíssimo, oferecendo-se para, a partir daquele dia, o levar às costas, pelas águas dos rios e do mar.
Certo dia, angustiado pela fome e sem conseguir caçar, decidiu que comeria o rapaz. Porém, para alívio da consciência, consultou primeiro os outros animais sobre se devia ou não comê-lo. Desde a baleia ao macaco, todos ralharam muito com ele, acusando-o de ser ingrato. Inclinando-se perante a opinião geral, e no receio de que a sua presença passasse, de futuro, a ser mal tolerada, o crocodilo dispôs-se a partir para o mar e levar consigo o dedicado rapaz, por quem, vencida a tentação, sentia amizade quase paternal.
Foi assim que convidou o rapaz a pular-lhe para as costas. Fazendo-se, então, ao mar, nadou, onda após onda, em busca das terras onde nasce o sol, convencido de que lá havia de encontrar ouro. Porém, quando, já cansado de nadar, pensou em dar meia volta e regressar às terras de origem, começou a sentir que o corpo paralisava e se transformava rapidamente em pedra e terra, crescendo, crescendo, até atingir as dimensões de uma ilha. Então, o rapaz caminhou sobre o lombo desta ilha, rodeou-a com o olhar e chamou-a de Timor que, em língua malaia, quer dizer Oriente.