sábado, 20 de junho de 2009

O Gigante que não queria ser Gigante

Era uma vez um gigante que vivia muito solitário pois não tinha ninguém com quem conversar; sempre que ia à aldeia, todos os habilitantes se refugiavam em suas casas. Farto da situação, o gigante decidiu:
-Vou à bruxa, que mora na floresta, para ver se ela me resolve a situação!
Dito e feito… Quando chegou à floresta, gritou pela bruxa e, num abrir e fechar de olhos, ela apareceu, vinda do nada!
-Porque é que estás aí a gritar feito um maluquinho?!
-Preciso que me ajudes… Todas as pessoas fogem de mim por eu ser assim tão… tão…tão gigante e estou farto de o ser; por isso peço-te que me ajudes a ficar um pouquinho mais pequeno...
A bruxa desapareceu sem dizer nada e, quando voltou, trazia uma espécie de frasco com ela:
-Aqui tens - diz a bruxa – esta poção faz com que tu fiques pequeno, mas tens que ter cuidado! Se tomares a poção em excesso poderás ficar mais pequeno do que uma agulha!
E lá foi o gigante, todo contente, pelos montes fora.
Um pouco antes de chegar à aldeia, o gigante bebeu a poção que a bruxa lhe tinha dado, golo a golo. O frasco ficou vazio e, por pura magia, o gigante passou de gigante a minorca.
Ao chegar à aldeia, todas as pessoas murmuravam:”Quem será? Nunca o tinha visto na minha vida!” E o gigante, todo feliz, lá ia todo contente com o seu novo aspecto!
O problema foi quando chegou a casa e não chegou à fechadura!!!

História recontada pela Beatriz


Eis uma versão diferente de António Torrado:

Era uma vez um gigante que não gostava de ser gigante.

- Chamo muito a atenção - queixava-se ele. - Para onde quer que vá, todos, de longe, apontam o dedo para mim “Lá vai o gigante!" E assustam-se. E abusam do meu nome e pessoa, metendo medo aos meninos: “Se não comes a sopa, chamo o gigante". E espalham disparates a meu respeito, dizendo que eu como gente, sou mau e outras calúnias que tais. Não aturo isto!
Pôs-se a andar de joelhos, a ver se não davam tanto por ele. Qual quê! Um gigante de joelhos, quer se queira quer não, é sempre um gigante, ainda que de joelhos. Deixou de aparecer. Fechou-se no seu palácio de gigante e nunca mais pôs um pé fora de casa.
Mas um gigante escondido, que de um momento para o outro pode aparecer, aterroriza ainda mais a vizinhança do que se andasse sempre na rua.
- Vou mudar de terra - decidiu o desgostado gigante.
Andou por vários reinos, sempre precedido pela sua fama:
- Vem aí o gigante - gritavam.
E todos fugiam.
Até que foi ter a uma terra de gigantes. De gigantões. Todos muito maiores do que ele. - Aqui é que me convém ficar a viver - disse o gigante. - Ninguém vai reparar em mim. Por acaso reparavam. Nessa terra, de gigantões matulões, chamavam ao gigante desta história de “pitorro", “badameco", “homenzinho", “pigmeu"... Mas ele, que tinha muito bom feitio, não se importava.